Doutor em engenharia civil pela Universidade de Buffalo (Nova York/EUA), desenvolveu muro em concreto pré-moldado resistente a condições climáticas ruins
Recentemente o site da NPCA (ou National Precast Concrete Association – “associação nacional do concreto pré-moldado” dos EUA) deu destaque ao projeto de Jorge Cueto, doutor em engenharia civil pela Universidade de Buffalo, (estado de Nova York/EUA).
Hoje Cueto gerencia a Smart Walls Construction em Amherst, estado de Nova York. Por volta de 2011 Cueto obteve bolsa de estudos da Universidade de Buffalo, ao passo que os seus negócios de consultoria e construção em Bogotá (Colômbia) não iam muito bem.
Desenvolvendo o trabalho no doutorado, Cueto desenvolveu um tipo de muralha retrátil, criada para fortificar uma edificação, fazendo-a resistir a inundações ou consequências de furacões, tornados e tsunamis. O engenheiro nomeou sua invenção de forma curiosa enquanto “telescopic walls” (algo como “muralha telescópica”).
Possivelmente o termo “telescopic” se refere à forma como um telescópio se desdobra, para que seu usuário visualize melhor os céus. Um dos orientadores de Cueto, dr. Amjad Aref, ressaltou que atualmente há uma necessidade de controlar inundações nos EUA e no mundo.
Além de inovador o projeto tem aplicabilidade de mercado revelando uma preocupação declarada de Jorge Cueto, que afirma que o engenheiro civil precisa oferecer algo à sociedade.
Só o concreto pré-moldado resiste às piores condições climáticas
Ao buscar um material funcional para a sua “telescopic wall” Cueto descartou o uso do metal, por ser muito caro. Fora os custos o engenheiro queria um produto que oferecesse precisão de encaixe milimétrico, em peças diferentes.
Seu projeto só funcionaria se ele utilizasse concreto pré-moldado. O engenheiro ainda descartou uso de concreto reforçado com aço convencional, uma vez que o metal tornaria as paredes muito pesadas.
Cueto optou pelo concreto pré-moldado ultra-reforçado com fibra, conhecido como UHPC (Ultra-High Performance Concrete ou “concreto de ultra alta performance”). O objetivo era tornar a edificação resistente a ondas costeiras de regiões litorâneas.
Mais além o material precisava ser fino e leve, sendo ainda resistente ao impacto da água e erosões que a umidade pode causar. O inovador concreto pré-moldado ultra-reforçado UHPC é composto de fibras metálicas, com resistência 10 vezes maior que o concreto convencional.
O material requer manutenção, mas segundo especialistas pode durar por mais de um século.
E como funciona?
O projeto da “telescopic walls” pode ser adequado à diferentes formas e tamanhos de edificações, sendo instalado nos subterrâneos. O sistema patenteado junto à Smart Walls, empresa de Cueto, é acionado a medida que o índice pluvial começa a se exceder, formando a barreira retrátil ao redor da edificação.
O sistema pode amenizar danos causados por furacões, bem como resistir a inundações. Para se ter uma ideia uma barreira de meio metro pode conter o volume de inundação de 30 centímetros.
A barreira pode ser ativada manualmente por duas pessoas em seu tamanho menor. Guindastes devem ser utilizados em caso de barreiras maiores, em sistema automatizado para edificações maiores.
O protótipo implicou no uso de caixas de 45 centímetros de largura por 90 centímetros de comprimento, a três metros acima do solo, boiando sobre a água. O peso do protótipo era de 113 quilos. As caixas representam a edificação a ser protegida.
Os blocos retos e curvados (quatro de cada formato) ao redor cumprem a função das paredes retráteis (ver imagem acima). O protótipo foi testado na Universidade do Óregon (EUA) localidade onde chove praticamente o ano todo.
Durante os testes descobriu-se que as paredes curvadas demonstrariam mais resistência em caso de tsunamis, algo que empolgou Jorge Cueto.
Implantando a ideia revolucionária
A empresa Smart Walls de Jorge Cueto já tem instalado as “telescopic walls” pelos EUA. O alvo do engenheiro são edificações em cidades costeiras e áreas sujeitas a condições climáticas ruins (tornados, ciclones, furacões). A tecnologia já é usada nas regiões de Nova York, Flórida, Texas e Boston.
Cueto ainda desenvolve minúcias do projeto junto a entidades de Nova York, Houston e Óregon aliadas ao corpo de engenharia do exército americano. Segundo o engenheiro um teste final, implicando em resistir à condições climáticas cataclísmicas, não pode ser reproduzido em laboratório.
(Imagem de destaque: University at Buffalo)
- Para ler sobre John Alexander Brodie, engenheiro inglês que aplicou o concreto pré-moldado às construções modernas, clique aqui!